Foto: Natalia Russo

Data de 2008 o lançamento de Ritmo Selvagem, disco de estreia da mossoroense Mahatma Gangue. Lá se vão 15 anos. A formação mais consistente da banda contou com Pedro Medeiros (baixo e voz), Ingrid (guitarra e voz) e Farofa (bateria). Mas é possível ver Rafaum (Black Witch/Mad Grinder), Luan (Red Boots) e Aninho (Cätärro) em alguns shows. Aninho chegou a gravar o último registro da banda, o split cassete Canções Tropicais. O começo tem uma sonoridade mais punk e garage. Mas aos poucos a banda foi abrindo o leque de influências tendo como base velocidade com cadência. Para isso, um baixo e baterias pulsantes com uma guitarra rascante e melódica.

Ritmo Selvagem
Ritmo Selvagem (2008): Clique na capa para ouvir ou baixar no Bandcamp.

Vindo de Mossoró era natural que a banda retratasse o dia a dia da cidade. Os rolés de bicicleta, shows, a vida cotidiana de estudo, trabalho e convivência com outros seres pela “cidade cratera” . Ritmo Selvagem é um disco intenso com apenas 5 músicas. E abriu caminho para shows além de Mossoró, bem como a parceria com outras bandas que curtiam a mesma sonoridade.

Split Renegades Of Punk e Mahatma Gangue
Split Mahatama Gangue/Renegades of Punk (2009). Clique na capa pra sacar os som no Bandcamp – mas só tem as músicas do Mahatma =( .

É o caso do split (2009) com a sergipana Renegades Of Punk, de Aracaju. Também um trio com influências sonoras semelhantes e mais experiência que os mossoroenses. Uso de substâncias (café), a figura misteriosa de uma Feiticeira perseguidora e uma homenagem aos Los Saicos são a participação da banda. A sonoridade começa a dar uma guinada pro lado da surf music sem perder o peso e essência do disco anterior.

Surf e Destrua
Surfe e Destrua (2011): Já sabe o que fazer pra ouvir e baixar, né?

Surfe e Destrua (2011) é a grande obra do trio, a materialização do Tropical Surf Garage Punk. Depois de um EP e um Split, nada mais natural que um álbum. E um álbum redondo, com hits do começo ao fim. Ingrid assumiu seu lado vocalista e canta em várias faixas. Ao longo das 13 músicas, mais uma vez o dia a dia da banda é o mote das criações. A ansiedade e angústia dos dias, os tempos de escola, a bicicleta envenenada, surf, turnê pelo Sudeste. Cabe tudo e até a excelente instrumental dançante com cara de filme de surf trip “Surfe e Destrua”, que batiza o álbum. Na época acompanhamos a gravação do disco com direção de Dante Augusto e Henrique Geladeira, que produziram excelentes discos independentes do rock potiguar, e fizemos um mini-doc dos dois dias de gravação.

A banda ainda fez parte do split cassete, Canções Tropicais (2015), com a Os Estudantes e do disco em homenagem a canções mais obscuras do iê-iê-iê V.A. Ritmo Selvagem (2015) com a já citada Renegades Of Punk, Ornitorrincos e Futuro. Ouçam todas. No Canções Tropicais a sonoridade ainda tem uma pegada surf punk, mas já estava apontando para um futuro mais introspectivo que veio a se materializar na Febre, banda criada após o fim do Mahatma, com Pedro, Pandeiro, Anízio e Bubu, e que devido a distância geográfica dos integrantes, quase não se apresentou. Mas ainda tivemos a oportunidade de ver em um Festival DoSol quando eles nem disco lançado tinham. Pedro trabalha com audiovisual e é um cidadão do mundo. Farofa dá aulas de surf na praia de São Cristovão, na costa branca potiguar. E Ingrid, se você chegar a ler tudo isso aqui, mande um alô. Nunca mais ouvimos falar e torcemos que você esteja bem, feliz e saudável.

Abaixo uma entrevista que fizemos com a banda, parte na praia de Cotovelo (litoral sul potiguar) e parte em Mossoró em uma edição do Festival DoSol em 2012. Para ouvir os discos, basta clicar nas capas.

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