Foto: Cynthia Campos/ Divulgação

Em tempos em que as informações se tornam cada vez mais voláteis, podem olhar para o trio Demonia e achar que elas sempre estiveram com essa formação. Mas lá em 2018, quando o single “Bebê do Miduei” foi lançado, a banda era formada por Karina (voz), Isa (guitarra), Karla (baixo), Nanda (guitarra) e Quel (bateria). Aquele single de estreia trazia uma sonoridade mais indie, com guitarras mais limpas e riffs mais dançantes. Em 2019, ainda como quinteto, lançaram o EP Achei Que Era Homem Mas é Só o Satanás com três músicas pelo Flecha Discos, onde “Capitalismo é um lixo” já fala no tal algoritmo que a cada dia comanda mais os dias.

Seis anos depois, em formato de trio desde antes do período pandêmico, a banda lança o aguardado álbum de estreia, Atitude Punk vol.1. Em mais um momento de transição, na sonoridade e na formação, o disco é obra de Nanda, Karla e Quel. Mas no palco, o trio já não é mais esse.

Como a maioria das bandas independentes, do começo até os dias atuais nada foi fácil. Com a pandemia, e as mudanças obrigatórias, a promessa de ficar no selojá não era mais a mesma. A “geladeira” foi superada com a mudança na banda e o interesse de um novo selo, como conta Nanda em papo via whatsapp: “Acredito que, pela mudança de formação da banda mesmo, tivemos um novo gás a partir do momento que outra gravadora se interessou nos nossos sons novos, que já estávamos produzindo. E fomos encorajadas a compor mais”. Composições em casa, e até na praia, bem como a participação na websérie Garimpeiros do Rock deram um novo gás à banda. E a partir disso surgiu o nome do disco “Atitude Punk”, sugerido por Nanda.

Em um dia no estúdio co.seno, do produtor Dante Augusto, saíram 14 músicas em formato demo. Mandaram a demo para o novo selo e ganharam outra geladeira. Sem rumo, focaram nos shows. Nanda conta que apesar da nova frustração, decidiram seguir em frente como sempre: “Então, todo esse processo de ser uma banda independente, sem investimentos de dinheiro, faz as coisas ficarem muito mais demoradas e complicadas. Por fim, até eu pensei em desistir e não lançar mais nada, mas a galera do co.seno me incentivou a continuar e botou fé no projeto. Por isso é tão importante a gente valorizar quem tá aqui do nosso lado, nos mesmos corres que a gente, que sabe das dificuldades e bota fé na gente independente de qualquer hype”. Todo esse processo se passou entre 2019 e 2024, quando finalmente o disco saiu.

Em Atitude Punk vol. 1, o bebê do Miduei nasceu de novo, só que com uma nova cara. Já nasceu com ódio do mundo ao redor e querendo tocar o terror. Basta ouvir as músicas e seus temas, envolvendo o dia a dia do que se passa com a banda. Uma banda de mulheres que sofre com o machismo em todos os lugares e vê no seu entorno coletivo a força para seguir em frente.

No final desse processo, Karla e Quel saíram da banda. E queriam que esse álbum saísse como uma forma também de marcar a história delas com a Demonia. Hoje a Demonia tem sete mulheres na equipe. Virou um coletivo. Isa Graça, por exemplo, que já foi da banda, hoje ajuda como parte desse coletivo, formado por mulheres potiguares que querem botar o som para frente.

No palco, a Demonia continua como um trio, agora com Nanda na guitarra, Anny no baixo e Vitória na bateria. O volume 2 vem com mais três músicas, como uma transição das integrantes antigas para as novas. Dessa vez, com mais músicas fora do foco do antigo trio.

Dia 27/04, a Demonia toca com Frattelli, Black Pantera e Eskröta. O show vai marcar a despedida de Quel da formação e Nanda se mostra empolgada “Poxa, é muito foda ver bandas como a Eskröta, Crypta, Cobra Spell, Nova Twins, crescendo na cena mundial. É um gás pra saber que estamos num caminho conjunto. Vai ser muito foda esse show, três bandonas juntas!

A Demonia está com kits (pôster e adesivos) para cobrir os custos do disco e vocês podem entrar em contato com elas pelo instagram ou nos shows.