Quem gosta de música não vê a hora de ir a um show, nem que seja com poucas pessoas (não que muita gente tenha deixado de ir desde que a pandemia começou – risos) para curtir de novo esse momento de rever os amigos, ouvir uma banda e reclamar do calor ao preço da cerveja. Sim, nós também não vemos a hora, mas seguimos evitando aglomeração.
No último Podástico (poscast do combo DoSol) Ana Morena e Anderson Foca falaram sobre a volta das atividades musicais presenciais. Se você quer a resposta para a pergunta do título, já mandamos de cara: não vai ter Festival DoSol. Pelo menos não como o conhecemos. Depois da edição virtual Natal e Interior e uma edição nacional com diversos outros festivais com patrocínio de uma cervejaria, chegou a hora de tentar voltar ao normal.
A produção do DoSol não parou. Como eles já têm o conhecimento da produção audiovisual há anos, seguiram ativos na pandemia lançando discos, fazendo lives, entrevistas e o que mais coubesse para a cultura seguir em pauta e em produção. Com essa perspectiva da volta do festival de forma presencial, resolvemos bater um papo rápido com Ana Morena, que pra quem não sabe, é presidente da ABRAFIN (Associação Brasileira de Festivais Independentes) que voltou à ativa em meio a esse turbilhão que passamos.
O Inimigo – Ouvi no Podástico que vocês gravaram sobre a volta de atividades presenciais e, apesar de serem ideias, se percebe que a coisa, ou as coisas, estão bem adiantadas. O mais próximo é o Festival Dosol. A quantas está essa ideia? Onde seria e com quais bandas (só locais, de fora também?)
A ideia é fazer um evento híbrido para pouquíssimas pessoas em dezembro (dependendo de como o mundo se comporte até lá) e se a coisa continuar a caminhar bem a gente faz em abril uma edição presencial. Que a gente pretende fazer mais dias, pra menos gente.
E esse evento híbrido seria só com bandas daqui do RN ou rolaria trazer alguma de fora? Já tem ideia de local de gravação?
Só bandas daqui esse ano. Só daqui, bandas do selo. Estamos lançando muita coisa daqui (RN/PB). Já faz um tempo que considero PB e a gente uma coisa só (risos).
E local? Já tem algo acertado ou em mente?
O [evento] híbrido deve ser repetindo o formato do DoSol online, mas com algum público. O do ano que vem ainda não sabemos. Gostamos de onde estamos, mas temos que levar mais coisas em consideração e isso estamos pensando sobre ainda.
E as conversas sobre Carnaval e Pôr do Som? São eventos para o ano que vem. Segue o mesmo pensamento de resguardo pelo que vem a seguir?
A ideia é começar no Carnaval a temporada do DoSol, que inclui Bloco da Greiosa, Pôr do Som e fechando com Festival DoSol. Muitos planos, muitas reuniões e debates. Se vamos conseguir, realmente não sabemos. Acho que só saberemos de outubro em diante.
Ana, sei que nessa loucura total muita gente travou nas expectativas, trabalhos, vivências. Qual foi o pior momento desse processo todo e o que ele somou na produção de vocês?
Rapaz, pior momento… Nem sei dizer. Acho que um dos momentos mais angustiantes como produtora cultural foi não ter nenhum tipo de previsão, de estar completamente desamparada de possibilidades, expectativas. É muito triste você não ter esperança. Hoje pelo menos eu tenho alguma.
A ABRAFIN voltou e, em meio a pandemia, tiveram muitas lutas. A lei Aldir Blanc, festival sendo processado (Facada Fest) e as discussões sobre o futuro, só pra citar alguns. Como está a entidade hoje nesse “fim” de pandemia? Quais ações em pauta e em prática?
Todos os festivais e nós da diretoria estamos com essas mesmas dúvidas e confabulações. Continuamos nos mantendo na linha de frente dessas pautas afirmativas e de fomento de políticas públicas e estamos conversando sobre protocolos, volta, não volta, é um processo contínuo. Não estamos nos sentindo em fim de pandemia, mas há alguma esperança no ar pelo menos.
A volta da ABRAFIN foi nesse momento de falta de amparo geral, certo? Pra se darem um apoio.
Não, o momento que a gente resolveu voltar a ABRAFIN foi pela percepção de saber que a gente precisava se juntar para ter alguns retornos, algumas políticas, algumas ações, indispensáveis para a gente se manter vivo. Porque a gente tem um governo que não está nem aí para nada e precisava disso. Acho que esse momento angustiante foi mais pro segundo semestre, que a gente estava fazendo as atividades mas as coisas não melhoravam. A gente não tinha vacina, não tinha como se organizar. Hoje temos algumas previsões.
Vocês não pararam as produções e lançamentos. A Incubadora seguiu ativa e teve gente como Txio Paulinho, Pedrinho Mendes, CoisaLuz.. E os próximos lançamentos do DoSol?
O trabalho de Igor Fortunato, Aiyra, Amen Ore, Namorena, Orquestra Greiosa e contando.
Abaixo confira o episódio do Podástico com o papo todo sobre a volta ou não das atividades presenciais com Ana Morena e Anderson Foca.