Clara Luz lança EP inspirado no eletrônico oitentista

Clara Luz estreia nova fase em EP produzido durante residência artística (Foto: Taline Freitas / Divulgação)

A cantora e compositora potiguar Clara tem uma longa carreira que começa com a banda Pangaio e passa pela Orquestra Boca Seca até chegar em seus projetos solo como Clara e A Noite, Clara Pinheiro e, por fim, Clara Luz, como ela agora passa a assinar. Mudança de sonoridade nunca foi um problema, Clara sempre se reinventou. Do último disco, Volte e Pegue, para o lançamento atual, Clara Luz, ficou a influência do eletrônico. Um pouco mais introspectivo antes, mais dançante e pesado agora, com uma pegada até synthwave.

O disco, sexto lançamento da artista, foi gravado nos estúdios Dosol, durante uma residência artística com os produtores musicais JF Santiago e Walter Nazário.

Ouça a seguir, via YouTube:

Batemos um papo com Clara Luz para saber mais sobre o novo disco que tem show de lançamento marcado para a próxima sexta (31/03) na nova sede do DoSol em Natal, com ingressos já à venda.

Revista O Inimigo: Escutei o disco e pensei: “mais uma mudança na carreira de Clara em termos de sonoridade”. Só que o disco anterior já tem uma pegada eletrônica. Diferente, mas tem. Essa mudança pra esse disco foi desenvolvida na residência artística ou já era uma ideia antiga?

Clara Luz – Essa nova identidade sonora foi criada durante a pandemia, nesse período eu tava ouvindo muito Cyndi Lauper, Whitney Houston, The Weeknd, Marina Lima… Esses sons pra mim remetem à felicidade e era isso que eu estava precisando naquele momento.

O disco Fullgás, de Marina, ouvi bastante nessa época. Aí você chegou na residência com João Felipe Santiago e Walter Nazário e desenvolveu a sonoridade do EP...

Eu já tinha as referências e vinha trabalhando com JF Santiago alguma coisa. Walter chegou somando de forma ímpar e gravamos lá na residência. Inclusive, “Fullgás” é uma das versões que fazemos nesse show que vai rolar sexta no espaço Dosol.

Os temas passam por relacionamento como um todo, os problemas, o acolhimento, aceitação… Temas que você vem trabalhando em outros discos. São temas delicados que atingem muitas mulheres. Existe um retorno de quem escuta? Como um reconhecimento em sua fala?

Demais. As mulheres me procuram nas redes e depois dos show pra falar sobre isso, sobre como elas se sentem representadas e como tal música se encaixa na vida dela.

Você tinha/tem mais músicas prontas? Por que um EP e não um álbum?

Tenho algumas letras engatilhadas e já estamos trabalhando nelas. Em todos esses anos de carreira eu nunca lancei um álbum, sempre EP’s. Porém, a ideia é lançar um disco cheio ainda esse ano.

A prioridade pelo EP ou single, é pela questão de ser mais fácil a divulgação nos dias de hoje?

Lançar um trabalho novo é botar um filho no mundo. Aí você se dedica tanto pra gravar dez músicas e termina que uma, duas até três se sobressaem e as outras ficam ali de lado… Acho que um EP dá pra trabalhar mais cada música.

Por fim, diz como foi esse processo da residência artística? Como foi a criação, se os caras opinaram muito, como foi a direção de Foca?

A residência foi maravilhosa, foram três dias de imersão debruçados sobre esse trabalho. Os meninos foram incríveis e vieram somar trazendo toda a bagagem que eles têm. Já Foca, foi a cereja do bolo. Esse processo de gravação foi muito difícil porque eu tinha acabado de perder meu pai. Foca, como um bom diretor, sentiu isso e segurou a minha mão literalmente, sentamos pra rever as letras e ele orquestrava a gente indicando caminhos e saidas pra questões, foi um processo muito rico.