Foto: Ygor Negrão
Não é de hoje que os sons do Norte batem pesado por aqui. Sou fã assumido de Mestre Vieira e outros ícones como Aldo Sena, Curica, Cupijó e Pinduca. E apreciador também de artistas contemporâneos já consagrados como Gaby Amarantos, Lucas Estrela, Jaloo. Nessa busca por novos artistas e bandas descobri novos sons, como O Janus (AP) que passou aqui pelo site 4 anos atrás, que embalou logo na primeira orelhada, assim como Iris da Selva descoberta recentemente. E também é muito bom ouvir novidade da veterana Dona Onete que segue produzindo do alto de seus 85 anos.
O mote da publicação são três novos discos lançados recentemente que foram descobertos/ouvidos. Pela ordem: Conjunto Boi de Piranha (PI), Dona Onete (PA) e Flor de Mururé (PA). Se vocês tem conhecimento de geografia – risos – perceberam que Piauí é Nordeste.
Vamos em frente, forçando a barra.
O Conjunto Boi de Piranha atende por guitarrada, a surf music brasileira, mistura a sons latinos e afro-caribenhos com a guitarra. O já citado Mestre Vieira é um ícone que em 1978 lançou o Lambada das Quebradas batizando o ritmo que embalou o Brasil com a famigerada Kaoma anos depois. Mas também nos presenteou com nomes como o de Beto Barbosa. O disco Vacilando no Monte é a estreia da banda de forma clássica mesclando a pegada dançante mais rápida com uma mais cadenciada.
Flor de Mururé é um artista transgênero da Amazônia de 19 anos. Pelos registros, CROA, seu disco de estreia, é o primeiro gravado e lançado por uma pessoa trans no Norte do Brasil. O disco recheado de musicalidade dançante conta com muitas participações como Iris da Selva (artista trans não-binário) (PA) e o Grupo Bongar (PE). A batida percussiva e o título CROA tem raízes no Candomblé e na Umbanda e o artista ainda passeia pelo Carimbó, pop e hip hop. Tudo envolto em sua vivência de luta no dia a dia em um dos países mais transfóbicos do mundo.
Dona Onete abençoa todo mundo do alto dos seus 85 anos. A musa do Carimbó foi Secretária de Cultura e Professora de História e Estudos Paraenses. Fundou e também organizou grupos de danças folclóricas e agremiações carnavalescas. Só veio gravar seu primeiro disco em 2012, Feitiço Caboclo. Seu quarto álbum de estúdio, Bagaceira, chegou agora as redes e traz todos os elementos que a consagraram. Inclusive traz de volta o casal formado pela garça namoradeira e o urubu. Personagens das terras paraenses. No meio de tudo isso muito Carimbó e Boi.






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