O ano de 2024 já começou com lançamentos no underground potiguar. Com mais de 20 anos de existência, entre idas e vindas e mudanças de formação, a banda de hardcore/crossover Milkshake na Vala regravou as músicas do seu primeiro disco, original de 2005, agora intitulado De Volta aos Esgotos da Cidade.
Apesar dos anos passados, as letras políticas e o instrumental rápido e pesado mantém sua força e atualidade. O disco possui 07 músicas e um total de pouco mais de 13 minutos de som, ainda assim, a própria banda admite que “desacelerou” um pouco, em comparação com a gravação de 2005.
Conversamos com o baterista Paulo Death sobre a regravação do disco homônimo de 2005 com os atuais integrantes da banda e o momento do grupo que está ativo, com força renovada e fazendo várias apresentações por Natal.
Revista O Inimigo – Entre idas e vindas, a Milkshake na Vala possui quantos anos de atividade?
Paulo Death – Primeiramente agradecemos a vocês do O inimigo pelo espaço. Obrigado de verdade. Vamos lá, entre idas e vindas o Milkshake azedou faz tempo (risos). Completamos 20 anos de existência agora em 2023. Começamos lá pelo segundo semestre de 2003. Todo mundo com espinha na cara e cheio de vontade de tocar Hardcore. A formação de início contou com Risada – voz, Paulo – bateria, Moisés – baixo e Klebson Fumaça – guitarra. Gravamos uma demo ensaio em 2005. Em 2007 ou 2008 Paulo saiu da banda e entrou Nalti Dantas. A banda passou por outras reformulações, contando com Maurício na guitarra, em um breve momento também.
Em 2010 ou 2011, não estou certo, eu voltei para banda, porém tocando guitarra e dando outra roupagem. Dessa vez, junto com Risada, reformulamos todas as músicas para a linha Crossover, contamos com Márcio César na bateria. Formação essa que durou até o ano de 2012 onde encerramos as atividades. Nosso retorno se deu agora em 2022.
Como foi a montagem da nova formação?
Vale salientar que, através de uma postagem do querido Alexandre Falante no seu Instagram, ficamos bastante empolgados em reativar a banda. Falante postou nossa primeira demo ensaio e daí um mar de nostalgia nos contagiou. O guitarrista de mil bandas San César (risos), também teve essa parcela de culpa, pois certa vez, ele instigou para voltarmos porém não chegou a consolidar formação, então só a partir da postagem do Alexandre Falante, que de fato encaramos reativar a banda. De início ficamos em trio com Risada (vocal) e eu (bateria) da formação original da banda e San assumiu as guitarras. Fizemos nosso primeiro show de reestréia em janeiro de 2023, no Garagem de Rua e outros shows por Natal. Em alguns meses convidamos Francisco Henrique que toca contrabaixo na banda Valvulosa para assumir os graves. As músicas mudaram quase nada, apenas questão de andamento, porém os riffs se mantiveram os mesmos.

O disco regrava as músicas do disco homônimo gravado há quase 20 anos, como surgiu a ideia de fazer uma nova gravação?
A nossa primeira demo ensaio foi gravada de forma totalmente independente na casa do nosso antigo guitarrista (Klebson Fumaça) no ano de 2005. A principal motivação para regravá-la foi justamente o fato de termos gravado de uma forma muito primitiva. Para se ter ideia, gravamos em um rádio gravador cassete para depois digitalizar em CD. Outra questão é que eu usei um chimbal e um metal que parecia tudo, menos um prato de ataque (risos), gravação sem mixagem, tudo feito na garra e coragem mesmo. Nessa gravação de 2023, gravamos tudo ao vivo no Estúdio Feeling e a mixagem ficou a cargo do mestre Adriano Sabino. Gostamos bastante desse resgate que é parte da nossa história.
A banda está com uma nova formação, como foi o processo de gravação e composição?
Em relação à primeira demo ensaio, quisemos deixar a regravação o mais fiel possível, tanto é que a única mudança que se percebe é na velocidade das músicas. Mantivemos os mesmos riffs, porém com uma pegada mais lenta. Não que elas estejam lentas, porém, na primeira gravação era outro gás, eu tinha 16 ou 17 anos de idade, tava com todo fôlego (risos). Teve alguma modificação aqui e ali sim, mas nada que alterasse o esqueleto da música, com exceção da “Calça Rasgada” , essa música sim a modificamos totalmente.
A música “Teste de Sobrevivência” ficou de fora, qual o motivo?
Muito legal essa observação. Quando estávamos ensaiando, no início da volta, San ficou responsável por pegar os riffs de ouvido, e acredito que essa passou despercebido porque as outras eram mais fáceis (risos), mas pretendemos voltar com essa música em nosso repertório sim.
Para além do instrumental, para vocês as temáticas continuam atuais?
Com certeza! Vivemos num país desigual, onde impera a fome, racismo, preconceito de todo tipo e eu poderia passar o dia escrevendo aqui. Somos cria do subúrbio de Natal, sabemos das dificuldades que nosso povo enfrenta e nada mais justo que escarrar isso nas nossas letras, na nossa música.
A banda já tem músicas novas para um novo disco?
Quando estávamos ensaiando as músicas da demo, vez ou outra San chegava com um Riff novo e eu montava a bateria em cima. San trouxe algumas músicas novas e eu também fiz outras. Vamos dar uma divulgada neste relançamento, para depois começar o processo de produção de um disco novo de inéditas. Nos shows tocamos cinco músicas inéditas e a ideia é compor mais algumas para fechar o álbum.






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