Uma das grandes novidades do cenário da música PAULEIRA no Rio Grande do Norte em 2022 é a banda ANTIKLAN, formada por nomes carimbados de outras diversas bandas natalenses e que chega com os dois pés na porta com o pesado UNDER WETIKO, lançado neste mês de julho. Pouco antes, a banda já havia divulgado o primeiro clipe e single, para a faixa “Akasic Skull”.
Somando elementos do punk com características do sludge e do post-metal, a banda traz o gutural endiabrado da vocalista Julia Gusso junto às guitarras de Flávio França (integrantes de várias bandas de Natal, como Expose Your Hate e Son of a Witch), e à bateria de Max Barros (do Born to Freedom) advinda diretamente do hardcore, rápida e sem perdão nenhum.
Secundados pela ideia do wetiko, termo dos nativos americanos para a grande doença que assola o Ocidente, entrevistamos o ANTIKLAN sobre a concepção do primeiro disco, as influências e as perspectivas futuras, pois, embora tão nova, a banda já está de nova formação.
Revista O Inimigo: Como foi o processo de construção desse primeiro lançamento? Quais as ideias, os pontos de partida, as influências?
ANTIKLAN: O começo do ANTIKLAN se deu em meados de 2020 e nesse início não tínhamos uma pretensão em ser uma banda per se, era mais uma necessidade de nos juntarmos para jogar sons fora, fazer jams. Neste começo éramos Gilson, Max, Flávio e Julia. Após alguns meses nós ficamos sem o baixista e seguimos carreira como power trio (risos). Conforme os ensaios foram acontecendo idéias e referências dos três foram convergindo e amadurecendo, dentro disso muita coisa vinda do Post-metal, Death-Doom, Punk-HC, Sludge. Digamos que este foi o começo.
A banda tem um som bem híbrido, caminhando por várias vertentes da música mais pesada. Como vocês classificam a sonoridade?
Existe no ANTIKLAN uma forte veia experimental de um lado, porém de outro existem necessidades de expressão bem específicas e definidas. Como é o caso das letras que apesar de terem um forte viés filosófico (influência do post-metal) tem suas raízes na música de protesto, da fúria e indignação (como no punk). Então essa sensação de som híbrido é causa muito provável dessa junção e do começo descontraído, onde cada um teve a liberdade de trazer aquilo que te inspira dentro deste universo que é a “música pesada”. De certa forma este álbum UNDER WETIKO surge da própria necessidade de sobreviver, e de almejar transpor essa (quase) entidade que é o wetiko, que é este conjunto de práticas que andam de mãos dadas e que são totalmente co-dependentes: o capitalismo, o fascismo, o colonialismo e o patriarcado. Poderia citar outros, mas estes quatro formam a base que sustenta este formato sistêmico tardio que é o que certos povos originários denominaram de “vírus ou doença invisível” altamente contagioso e difícil de contornar e curar.
A música do ANTIKLAN expõe e não tenta consolar, porque em verdade (de diferentes formas e níveis) todes tiramos algum privilégio deste sistema. A revolução necessária é uma mudança de paradigma, e impõe uma compreensão a nível deste “vírus-sistêmico” e da luta de muitas gerações por uma sociedade mais sã, livre e justa.
Seria possível transpor este wetiko? Fica aí o questionamento.
E quais os próximos passos? Mais gravação, turnê, mais clipe, quais as expectativas futuras?
Falando do presente: nós estamos no processo de construção de novas músicas, que queremos lançar ainda este ano!
E estamos num formato quinteto agora, tanto para composição de novo material quanto para shows. Somos hoje: Julia Gusso (voz), Flávio França (guitarra), Max Barros (bateria), Gustavo Rocha (baixo), e Breno Xavier (guitarra). Sobre vontades e projeção da banda para o futuro, neste momento estamos sondando possibilidades com selos, articulando o lançamento físico do material do primeiro álbum. Também estamos procurando parcerias para shows e turnês.
Ouça o álbum Under Wetiko, da ANTIKLAN no Bandcamp: