Cinco discos do primeiro semestre de 2022 que (quase) deixei passar

Demorei um pouco para começar a escutar, com regularidade, os discos lançados em 2022. Por isso ou por falta de tempo, acabei deixando de resenhar alguns dos discos que, na minha opinião, figuraram tranquilamente entre os melhores do ano (até o momento). Seguem cinco discos que escutei e merecem uma boa audição: 

Amorphis – Halo 

Os finlandeses do Amorphis lançaram, ainda em fevereiro, seu décimo terceiro disco na carreira, intitulado Halo, que segue com mistura de death, prog, folk e gothic metal.  O álbum tem a parte lírica baseada na Kalevala, epopeia que conta a história finlandesa em poemas e canções. As adaptações são feitas pelo poeta Pekka Kainulainen, que trabalha com a banda desde Silent Waters, de 2007. 

Musicalmente o disco é mais reto que os anteriores, porém nada que seja muito extremo. O vocalista Tomi Joutsen mais uma vez se destaca pela alternância, muito bem executada, dos vocais limpos e guturais. Durante todo o trabalho os guitarristas Esa Holopainen e Tomi Koivusaari alternam riffs e solos com total competência, além do bom gosto na hora de escolher os timbres.

Para conhecer: “On The Dark Waters”, “Windname”, “My Name Is Night”

Marillion – An Hour Before It’s Dark

An Hour Before It’s Dark, décimo-novo disco do Marillion, lançado em março, traz na sua lírica a analogia a três situações: a última hora em que você podia brincar fora de casa quando criança antes de ir para casa; a luta contra o tempo em relação à crise climática; e os últimos minutos na vida de uma pessoa.

Dentro destas temáticas são tratados subtemas como a pandemia da Covid, nossa mortalidade, ciência médica, cuidados e… “Leonard Cohen”. Apesar dos assuntos tratados, o álbum segue uma aura que, embora pareça melancólica, é positiva e intensa. 

Na parte instrumental, as canções, em geral, são longas e rebuscadas, mas sempre com muita qualidade, não se tornando cansativas. A performance vocal de Hogarth continua emocionante como de costume. 

Para conhecer: “The Crow and the Nightingale”, “Care”, “Muder Machines”

Evergrey – A Heartless Portrait (The Prohéan Testament)

A Heartless Portrait (The Prohéan Testament) é o 13º trabalho do Evergrey e traz o seu metal progressivo com todo o peso e lírica melancólica característicos dos suecos. É um disco coeso, forte e potente. 

O álbum vem pouco mais de um ano após Escape of the Phoenix, lançado em 2021. Alguns poderiam achar que seria um álbum de sobras do disco anterior, que já não foi unanimidade entre os fãs, mas não. Este disco traz elementos dos quatro discos anteriores do grupo, carrega ainda mais peso que o habitual, linhas muito interessantes de teclados, uma cozinha muito bem trabalhada e os vocais sempre carregados de sentimento do vocalista Tom Englund, encaminhando o grupo a uma nova fase.

Para conhecer: “Call Out the Dark”, “The Orphean Testament”, “Blindfolded”   

Ignite – Ignite 

O fã que escutar este álbum auto intitulado já vai começar vendo a diferença nos vocais. Afinal, Zoli Téglás, que possui uma voz muito característica, deixou os vocais do Ignite em 2019. 

Apesar da perda tão impactante, o grupo foi buscar o competente Eli Santana e conseguiu produzir um ótimo disco que remonta aos primórdios do grupo. Exatamente por isso não é um disco de reinvenção, mas que traz muito do que de melhor, em termos de energia e urgência, os caras sabem fazer. 

E o próprio Eli Santana acaba se tornando um destaque no disco encaixando muito bem os vocais em todas as músicas, o que surpreende ainda mais quando você sabe que a biografia do cara envolve bandas de metal onde ele é guitarrista. 

Para conhecer: “The River”, “Call Off the Dogs”, “Enemy” 

Alexisonfire – Otherness

Os canadenses do Alexisonfire lançaram no dia 24 de junho, Otherness seu primeiro disco em 13 anos. E a banda retornou em grande estilo, este definitivamente é um dos melhores discos do ano. A banda de post-hardcore demonstra muita maturidade em um som que mistura trechos de suavidade e agressividade de forma muito visceral. 

As canções trazem temas como desânimo, decepção, isolamento e amor, todos envoltos no contexto do período do isolamento e da pandemia de Covid-19. Instrumentalmente, o disco traz composições que oscilam entre o peso e agressividade, com melodia, calma e leveza. Mostrando uma banda que amadureceu com o decorrer dos anos e lapidou seu característico post-hardcore. É um disco realmente difícil de escolher destaques, pois é muito coeso, nivelado por cima. 

Para conhecer: “Committed to the con”, “Sans Soleil”, “Dark Night of the Soul”