Era setembro de 2010, viajei a João Pessoa para um festival de música que traria como uma das suas atrações especiais o Scorpions em sua turnê de despedida dos palcos. Na época os caras até diziam que não pensavam nem em reuniões, pois não havia sentido nisso… Pois bem, passados mais de dez anos do show, eis que em 2022 a banda lança o disco Rock Believer, décimo-nono trabalho de estúdio do grupo alemão e considerado por muitos seu melhor e mais pesado em décadas.
A versão convencional do álbum conta com 11 faixas. Já a edição deluxe traz outras 4 músicas inéditas, além de uma versão acústica para a balada “When You Know (Where You Come From)”. Para este disco a formação da banda conta com o baterista Mikkey Dee, conhecido especialmente por sua passagem pelo Motörhead. Ao que parece o cara deu um gás a mais no som do grupo, que já tem mais de 50 anos de estrada.

A sonoridade, inegavelmente, puxa para o hard rock dos anos 70 e 80, o que de certa forma é sempre prometido pelos músicos da banda e que também traz um clima nostálgico, porém sem se deixar tornar clichê ou mesmo repetitivo. Também é possível encontrar um pouco da sonoridade que o grupo foi trabalhando durante os anos 90 e até 2000, com o disco funcionando como um passeio pela carreira dos alemães.
Seguindo essa proposta de levar novos e velhos fãs a reviver os melhores tempos da banda, o Rock Believer traz canções mais agitadas, que os trabalhos anteriores, dando mais espaço ao Hard’n Heavy, e ao Classic Rock, por onde os músicos navegam muito bem. Klaus Meine (vocais), Rudolf Schenker (guitarras), Matthias Jabs (guitarras), Pawel Maciwoda (baixo) e Mikkey Dee (bateria), finalmente conseguiram atingir a promessa, que já parecia tão fantasiosa quanto do fim da banda feita lá no passado.
O álbum trafega por três tipos de sons. Canções pesadas e enérgicas, como “Gas in the Tank”, que abre o disco, “Shining Of Your Soul”, a pesadíssima “Seventh Sun” e “peacemaker”; faixas cadenciadas como “Rock Believer”, e “Call Of The Wild”, entre outras; e canções mais rápidas, que não são lá exatamente uma característica da banda, o que talvez possa ser creditado a influência de Mikkey Dee neste que é o seu primeiro álbum de estúdio com o Scorpions (ele já toca ao vivo com a banda desde 2016). Mas dentro da rapidez, os caras trazem toda a sonoridade característica da banda em seus melhores anos, casos de “When I Lay My Bones To Rest”, “Roots In My Boots” e “When Tomorrow Comes”.
Depois de alguns discos em que os alemães pesaram nas baladas, flertaram com sonoridades mais modernas e acabaram frustrando os fãs, finalmente o grupo entrega um trabalho que atinge as expectativas, com músicas rápidas, enérgicas e potentes. É um disco com ótimos riffs, solos inspirados, a clássica voz de Klaus Meine, muito bem posta nas canções, e uma cozinha coesa e pesada.