Quem nos acompanha já conhece Rieg e sua banda. Solo ou em parcerias, Rieg é um artista inquieto que trabalha em várias frentes, seja como músico ou como produtor. Sua última incursão pela música tinha sido o disco-jogo Nomad Soul Zero (2021). O disco você ouve nas plataformas de streaming e o jogo instala no celular pra brincar no cenário cyberpunk.
Em 2020 Rieg lançou Júpiter, no seu projeto solo Riegulate, que é um disco eletrônico – quase todo instrumental – e com cara de trilha de filme de ficção científica, ambientado como uma viagem de um astronauta em direção a Júpiter. Foi criado dentro da primeira temporada do projeto #30dias30beats e passeia por momentos mais dançantes e outros mais viajantes.

Em conversa com Rieg sobre o lançamento de Glow, novo EP do Riegulate só com versões eletrônicas e lo-fi para clássicos dos anos 80, ele contou que o disco surgiu da vontade de voltar a cantar e criar: “Eu estava conversando com uma pessoa conhecida e falamos sobre essa sensação da pessoa pegar um violão e só tocar/cantar como se ninguém tivesse perto, íntimo mas soltando a voz. Tem sido difícil pra mim cantar em casa. Me sentia muito mais a vontade no estúdio da gente que fechou agora por conta da pandemia também – e olhe que cantar no estúdio também foi um processo pra mim. Daí eu decidi meter a cara e fazer essas versões/covers, meio aleatoriamente, mas sem passar tempo demais e sem pretensão de ficar perfeito ou lançar. Postava tipo uma música a cada 3 dias no meu perfil, pra movimentar as redes sociais, praticar cantar e produzir”.
A gravação do disco também foi para reforçar o amor que Rieg tem pela música, já que ele estava achando que ultimamente estavam vendo ele mais como VJ, editor ou videomaker ou video-artista. Nesse período de isolamento Rieg relembrou os tempos de quando era adolescente criando músicas no quarto e que também foi um incentivo a criação das músicas: “Eu fico lembrando tocando no meu quarto com 14/15/16 anos, voz, violão e sampler, gravando no computador de forma toda doida, mas era super divertido e você começa a entender muita coisa de composição e canção. E antes tinha o MP3.COM pra colocar suas músicas e gravações doidas. Agora tem os streamings onde todo mundo tem mais medo de soltar alguma coisa imperfeita. Daí ter colocado o GLOW no bandcamp, também me deixou bem feliz em voltar pra esse movimento meio ROOTS da minha adolescência”.
O lançamento do disco também tem o dedo de Diego Pessoa, do selo e blog Hominis Canidae e parceiro de longa data, para dar aquele incentivo que faltava a Rieg para lançar as músicas em forma de EP, juntando as que tinham a cara de anos 80. Coincidentemente Rieg estava com uma vontade de criar com referências que remetiam aos eletrônico dos anos 80. As indicações vieram até através da irmã de Rieg, uma fã da musicalidade oitentista. A versão de “Caribbean Queen”, de Billy Ocean, foi uma indicação dela e que deixou Rieg feliz com o resultado: “A música “Caribbean Queen” foi tão emocionante pra mim e, até hoje, é uma das gravações que mais tenho orgulho. Fiquei mega feliz com o resultado final. Eu não conhecia a música, foi indicação da minha irmã que curte muito Yacht Rock e anos 80 – ainda talvez mais de que eu. Passei semanas ouvindo direto, pegando referência, lendo sobre a história do cara e da música e da letra. Tentei fazer uma versão igual a gravação original, mas não consegui ficar satisfeito com nada. Daí pensei “carai, vou fazer do meu jeito”. E aí fui atrás e fiz essa versão meio Daft Punk e retrowave e aprendi muita coisa sobre produção nessa musica específica”.
Por enquanto, por causa dos direitos autorais, o disco segue apenas no Bandcamp. A intenção é lançar pelo menos “Caribbean Queen” em outras plataformas dentro da legalidade. Ouça abaixo o EP Glow e se sinta numa pista de dança dos anos 80. A que mais curti foi “Sunglasses At Night”, original de Corey Hart.