A banda punk potiguar Escravos da Ignorância (EDI) lançou disco novo ainda durante o mês de outubro. O novo trabalho traz 9 faixas rápidas e pesadas, em um total de pouco menos de 8 minutos de som.
A E.D.I tem 9 anos de existência e já passou por algumas mudanças na formação. Atualmente é um duo composto por Tiago (guitarra e voz) e San César (bateria e voz). Esta é também a primeira experiência de San à frente das baquetas.
Conversamos um pouco com os caras para saber um pouco sobre o processo de produção do disco e as novas influências derivadas, tanto da nova formação, quanto envolvendo a nova experiência do, agora, baterista.

O Inimigo – A banda já passou por algumas formações, em Duo veio para ficar?
Tiago – A EDI desde o seu início quase sempre foi composta por duas pessoas, esse formato de banda se tornou o mais viável e também menos desgastante, aliás a formação atual é a que me trouxe menos stress e problemas de convivência. Creio que será uma formação duradoura pela afinidade de ideias e gostos musicais, sem contar que fazemos as coisas no nosso tempo, sem pressa ou pressão alguma.
San – Essa é minha primeira experiência tanto no formato duo, quanto tocando bateria, já que venho de uma realidade de “torador de cordas”. Mas o processo entre montagem de letras e músicas é bem tranquilo. Acredito que esse formato nos ajuda bastante, tanto no compromisso com os ensaios, eventos e futuras produções. Aparentemente o trabalho flui mais fácil.
Como foi essa coisa de San ter ido para a bateria?
Tiago – San entrou na EDI pra fazer o baixo, gravamos um ep ao vivo com ele no baixo e em seguida a banda ficou sem baterista, ele se prontificou a ir pra bateria e deu mais do que certo.
San – Quando eu saí da N.T.E, estava disposto a ficar um pouco longe das atividades que envolvessem bandas, eventos e toda responsabilidade que vem junto quando você faz parte desse cenário. A vida estava bem corrida (Não quer dizer que não continue). Trampo, curso, falta de grana, distância para ensaiar… Isso acaba “morgando” um pouco o processo. Mas depois de um tempo, senti a necessidade de estar envolvido na cena e me convidei para tocar com a Escravos da Ignorância. A princípio fui tocar baixo, depois de um tempo optamos pelo afastamento do baterista e eu fui assumir as baquetas. Se eu já tinha tocado bateria antes? NUNCA!!! Mas está sendo uma grata experiência e que pretendo manter esse processo de evolução e aprendizagem do instrumento em questão. No momento, tá sendo só o “tupa-tupa” mesmo.
Tendo-se em vista a nova formação, quais as diferenças desse novo trabalho para os anteriores?
Tiago – Poder, o novo trabalho da EDI, veio como queríamos, rápido e com ódio! Algumas influências aparecem nos sons, porém o trabalho continua com a mesma proposta do início. O disco ficou como eu queria.
San – Eu já conhecia o trabalho da Escravos da Ignorância, o Tiago já vem fazendo esse trampo há quase 10 anos. Então entre conversas fomos vendo que tínhamos gostos parecidos em relação a som, tanto que no CD percebe-se pitadas de pós punk, grind, crust… Isso acabou nos ajudando bastante no desenrolar das novas músicas. Poder, foi pouco ensaiado e isso é que o deixa com essa sonoridade mais crua. Usei o pouco que sei na bateria, afinal nunca tinha tocado antes, tivemos entre 6 e 8 ensaios e já fomos para o estúdio gravar. Acabamos gostando do resultado, até porque não estamos buscando perfeição sonora e sim expressar nossas revoltas através do nosso barulho.
Como foi o processo de composição e gravações?
Tiago – Natural e espontâneo. Nos ensaios mostramos as ideias e o barulho aparece. Nos entrosamos já no primeiro ensaio.
San – Normalmente vamos trocando algumas ideias. As vezes eu ou o Tiago chegamos com uma letra, ou mostro alguma base para o Tiago, quando ele acha um pouco mais complicada, acabo diminuindo a quantidade de notas. Mas o processo é bem simples mesmo. Como vamos fazendo tudo ao nosso tempo, as músicas vão surgindo durante os ensaios. O processo de gravação foi bem tranquilo, gravamos no estúdio Feeling em duas seções, porém poderia ter rolado em uma só seção, mas minha inexperiência fez o processo atrasar um pouco. Eu estourei uma corrente do pedal do bumbo enquanto gravava a quarta música.
Fale um pouco sobre as letras das músicas.
Thiago – As letras podem ser uma frase ou não, o importante é o que queremos passar, no caso da EDI, o objetivo sempre foi e será mostrar aversão ao sistema e sua elite podre e desumana.
San – As letras retratam um pouco do nosso cotidiano caótico, tentamos fugir um pouco dos “clichês”, mas infelizmente não conseguimos fugir dessa sociedade desumana, hipócrita e suas atrocidades urbanas.
No Poder, podemos encontrar um pouco disso, a decadência e podridão da raça humana.