O Dia Mundial do Rock, que na verdade celebra o aniversário de um megaevento filantrópico promovido por milionários da música, é uma data, digamos, controversa. Primeiro porque essa presepada não tem nada de “mundial”, já que só existe no Brasil. Depois porque todo ano jornalistas, músicos, publicitários, produtores & afins batem o parabéns para o rock evocando os mesmos nomes de anos atrás, muitos dos quais já eram dinossauros quando o tal evento rolou, em 13 de julho de 1985. Morte horrível – no dia escolhido para celebrar o estilo transgressor por essência, as comemorações tendem a ser as mais conservadoras possíveis.
Pegando carona nessa barca furada, indicamos a seguir cinco bandas brasileiras novas que tocam rock – ou algo próximo disso – para subverter essa armação. Na dúvida, ouça hoje e sempre.
O Janus (AP)
Quarteto de Macapá que coloca psicodelia e música brasileira pra conviver no mesma música, sem cair na armadilha de “fusão de ritmos”. O primeiro disco, A Utopia Modular no Universo de Janus, saiu em 2020 e veio carregado de viagens sobre alquimia, misticismo e outras ondas.
Falsa Luz (MG)
Trio praticante do noise, black metal, punk e música feia em geral que recentemente deu as caras na edição mineira do festival No Ar Coquetel Molotov. O disco Vozes Penadas, lançado no início desse ano, é perfeito pra arrepiar os carecas, cabeludos e mentes quadradas em geral.
Sophia Chablau & Uma Enorme Perda de Tempo (SP)
Eles se definem por aí como “pop cabecinha”, que por sinal é o nome da primeira faixa do álbum de estreia do grupo paulistano, lançado este ano pelo selo RISCO. Mas além do pop tem rock, punk, psicodelia e doideras variadas no álbum, sem medo de fazer barulho e de dar risada.
Deuszebul (RN)
Quarteto de grindcore/black metal que faz a vida parecer um fanzine xerocado em preto e branco e grampeado em folha A4 dobrada. E isso é um elogio, que fique claro. No Bandcamp, dá pra ouvir tudo deles, inclusive o recente split com os pernambucanos da Cachorro da Duença.
Naufrágio (PR)
Pós-punk tocado com a urgência que o Brasil de 2021 pede. Nada se sabe sobre a banda – no perfil do Bandcamp não tem foto, nem nome dos integrantes, só o que interessa. A saber, dois discos gravados (ou descarregados) entre novembro de 2018 e fevereiro 2019. Já é o suficiente.