Walter Nazário estreia live session

Neste domingo (18), o músico e produtor potiguar Walter Nazário estreia sua live session des-memória. A estreia será às 19h no canal do músico no Youtube. Material audiovisual que apresenta o produtor musical Walter Nazário em ação, se utilizando de uma série de instrumentos, programações eletrônicas e loops para compor 30 minutos de temas instrumentais inéditos. O lançamento é do selo Rizomarte Records, com apoio da Lei Aldir Blanc. Com uma colagem de elementos sonoros, experimentando diversas alternativas eletrônicas, o músico, que trabalhou com projetos como Mahmed, Potyguara Bardo, Luísa e os Alquimistas, BEX, Igapó de Almas, Óperaloki e outros diversos, apresenta uma faceta autoral inovadora desta vez.

Conversamos com ele sobre o projeto e sobre a estreia de um novo cenário chique na música potiguar: o Seburubu, o nosso possível cenário de NPR Tiny Desk Concert.

O título dessa live é por si só interessante, des-memória. De onde vem essa contra-memória? O que ela quer dizer?

A referência é Eduardo Galeano, o Livro dos Abraços. Mas é tipo um ponto de partida né, nada muito amarrado. Num sentido mais amplo faz alusão a crise que vivemos, um projeto de destruição não só da memória como do próprio país também (engraçado, parece até que alguém vai lucrar com os escombros kkkrying). Mas também (e principalmente) diz sobre o meu processo individual e do próprio live também, é um recomeço em um formato completamente novo então tá tudo fresco, sem nenhuma carga, estou tateando como um recém nascido. A plataforma é nova para mim, eu sempre tive dificuldade com os loops e a session view (ableton) nunca me atraiu. Mas com a pandemia e todos os efeitos colaterais eu acabei me interessando e enxergando possibilidades nesse formato, mas como eu disse, é tudo novo. Esquecer é fundamental para a memória, né? E tem sido um pouco isso nesse começo. 

Numa das imagens de divulgação dessa live no seu Instagram, você comentou que essa session veio durante esse período de stand by de diversos projetos e que possibilitou a exploração de um formato que só agora você teve como colocar em prática. Que formato é esse e o que podemos esperar dele?

O formato é tocar sozinho gravando loops e tocando por cima. Há várias formas de fazer e eu faço por uma das mais comuns que é a session view do ableton. Eu sampleio/recorto/crio algumas baterias e percussões e vou gravando baixo, guitarra, teclados, efeitos, todo o resto por cima. Não é nada fácil, acho que foi talvez a coisa mais ambiciosa que eu já fiz no palco e ainda precisa ser aprimorado, sem dúvida. Acaba sendo uma apresentação mais improvisada do que normalmente rolava nas bandas. Tem um roteiro apenas pra dar uma direção, mas você sempre vai gravar loops diferentes, nunca sai a mesma coisa. E eu sou a banda, né? Eu posso demorar ou encurtar, gravar uma coisa ao invés da outra, é controle total. Tem que ficar esperto em um turbilhão de coisas, é osso. Mas depois vai acostumando. E pra mim é só o ponto de partida, quero aprimorar a parte técnica/burocrática de conexões e programações, abrir espaço pra fluir melhor na parte musical e mais pra frente começar a sincronizar com projeção, iluminação, que foi minha ideia inicial, era o que eu queria fazer no começo, ainda vai rolar. 

Esse projeto abre caminho pras suas próprias produções, pode virar um registro ou se tornar um projeto mais longo?

Esse live set leva um pouco do meu trabalho como produtor para o palco, tocando várias coisas e fazendo escolhas, exatamente como eu faço no estúdio. E o palco tem o lance da performance, não tem edição, não sou um grande instrumentista mas eu me divirto, é o que importa. Fica uma mistura interessante. Eu estou aberto a tudo e bastante empolgado com essa possibilidade de voltar a tocar. Meu projeto principal está em um “hiato indefinido”… bom, é triste mas eu não me queixo (risos). Estou explorando novos caminhos, tentando aprimorar, quero estar pronto para o que está por vir. Sigo estudando áudio e trabalhando com vários artistas, envolvido em novos projetos, e com certeza vou gravar mais live sessions como essa. Já lancei alguns discos, adoro fazer isso, adoro criar em estúdio, mas confesso que nesse momento quero muito voltar a tocar ao vivo (sabe-se lá quando) e esse formato é uma possibilidade muito interessante.

Seria o Seburubu agora o NPR TINY DESK natalense? 

(risos) Só não vê quem não quer. O Seburubu é sensacional, o lugar em si já é perfeito para situações como essa, já tinha tocado com Bex lá e Henrique (Rizomarte) fez a conexão. Mas vale ressaltar o talento das pessoas que trabalharam comigo e deixaram o lugar no jeito mesmo. Jaiara (Fontes) fez um trabalho incrível na cenografia, belíssimo. Marília (Soares) pensou boa parte dos aspectos, foi decisiva para várias coisas, me ajudou muito a pensar a Live e lógico que o Tiny Desk era referência. Fechamos a iluminação junto com Larinha e Gabriel e lá já deu pra ver que a captação ficou muito boa!  Ficou perfeito, muito bom gosto mesmo, e é total mérito delas e de todo mundo que contribuiu organizando, pegando no pesado, trocando coisa de lugar, foi ralado mas valeu muito a pena. Estou muito satisfeito. Manda job pra elas e pra todo mundo que participou, é sucesso certo!

Abaixo você pode assistir Walter Nazário em ação remodelando Bob Marley.