Vídeodrome: Patife Band – SESC Belenzinho

Quando muita gente olha os anos 80 do rock nacional só enxerga as bandas que flertavam com o pop, que tinha um pezinho ali no punk e outro em trilha sonora de novela. Um olhar, no mínimo, reducionista. Em todas as épocas tem música boa e ruim, e o que é bom e ruim também é questionável.

Lá no começo dos anos 80, naquele movimento de explosão do já citado punk com nomes como Ratos de Porão, Cólera, Inocentes, Mercenárias e do pop rock com Titãs, Legião Urbana, Plebe Rude e infinitas bandas, existia quem caminhasse por entre os estilos e ainda se alongando até o jazz e mpb. Foram chamados de Vanguarda Paulista.

A cabeça por trás de tudo é a de Paulo Barnabé, irmão de Arrigo Barnabé e chapa de Itamar Assumpção. Música convencional não sairia dessa cabeça. Pois bem, em 1987 Paulo Barnabé nos arranjos, vocais, percussões, guitarras e algumas baterias, se juntou a Sidney Giovenazzi (baixo), a André Fonseca (guitarra) e Paulo Mello (bateria) para criar Corredor Polonês, o álbum que marca a banda. Inclusive só têm esse álbum lançado e sua influência vai de Ratos de Porão, que regravou “Tô Tenso” e Pato Fu com “Vida de Operário” (que é da banda Excomungados).

Capa do Mini-LP homônimo lançado em 1985

Dois anos antes a banda tinha lançado um Mini-LP homônimo com seis faixas que já davam o tom do que vinha a seguir. Duas faixas chamam a atenção. “Tijolinho” (clássico da Jovem Guarda revisitado) e “Noite Feliz” (ela mesma, a canção de Natal). A formação era outra, coisa que se estendeu por toda a carreira da banda onde apenas Paulo permaneceu como integrante original. Inclusive a banda no começo chegou a se chamar Paulo Patife Band e em reuniões posteriores Paulo Barnabé & Patife Band.

O disco que marca a banda, Corredor Polonês, foi gestado paralelamente a Cabeça Dinossauro dos Titãs, e teve produção de Pena Schmidt (produtor por trás de inúmeros discos clássicos brasileiros) e, reza a lenda, com pitacos de Liminha (Mutantes). Entre as 10 músicas do disco, destaque para “Tô Tenso”, que aparece no disco de 1985 e ganha uma nova roupagem, e “Poema em Linha Reta”. O disco é prato cheio para quem gosta de música empenada já que reúne punk, ritmos brasileiros e jazz.

Apesar de só ter lançado dois discos de estúdio a banda nunca parou e sempre que bate a vontade volta a tocar, com integrantes originais ou não. Sempre com Paulo a frente. Em 2005 o selo Soul Jazz Records incluiu a banda na compilação The Sexual Life Of Savages que além da Patife Band tem gente como Gang 90 & As Absurdetes, As Mercenárias e Cabine C.

Ficou curioso para ver a banda ao vivo? Pois sem mais delongas, aperte o play e assista a banda no SESC Belenzinho. E se você quer saber mais ainda sobre o disco, ele ganhou uma edição escrita pelas mãos de Marcelo Dallegrave e Melissa Medroni que pode ser comprada aqui.