Por Hugo Morais
A Ruína (PE) chegou ao seu segundo disco, mais um EP. Transfigurar não segue a linha de Autofagia, o EP anterior de 2018. É como se o disco anterior, como o título, se digerisse para se renovar.
Se em Autofagia a banda mostrava a pegada proeminente do metal, em Transfigurar as influências pesadas se aliam e se desdobram em renovação com pegada eletrônica e tribal – mas com o cerne metálico em meio a tudo. O peso do som dá vazão à exploração do eu e seus sentimentos, em sua maioria voltados para a introspecção e um olhar pessimista sobre os dias. Como se a esperança de melhoria andasse de mãos dadas com um ódio que a cada dia cresce.
“Quimera” cai bem como exemplo: desistir ou parar para vencer? Não é possível lutar contra tudo e muitas vezes aceitar (desistir) é uma ideia válida e que dá resultado. “Abismo” e “Aracne”, que vem a seguir, abrem espaço para que o sofrimento se transforme em ódio, mas um ódio motriz. “Serpente” é o ódio que impulsiona e leva a mudança. Como se o desistir, que leva a vitória, gerasse força para o começo de uma luta onde ir para cima e destruir se tornam práticas necessárias.
“Aremiuq”, o remix da abertura “Quimera”, é o fim apoteótico, como se tudo explodisse, a guerra finalmente começou e dias melhores virão. Será?
Ouça o disco via Bandcamp: