Por Hugo Morais
O duo Mar Di Fuego é formado por Maria Ferraz e Amaro Mann. Maria em sua primeira experiência como cantora e compositora, Amaro um veterano na cena paraibana em bandas como Dalila no Caos, Burro Morto e desde 2010 toca na Cabruêra.
Maria iniciou na música ainda criança por meio do coral da cidade de Petrópolis (RJ) e dois anos depois se mudou para João Pessoa, onde atua na área cultural como produtora. Em 2017 a vontade de pôr para fora suas ideias levou à composição de letras, batidas e melodias que ela ia gravando. Para dar vazão às ideias contou com a parceria de Amaro na criação das músicas por meio de beats e guitarra. Ainda fazem parte da produção Daniel Jesi (BBS Studio), Rieg e Gabriel Barretto com lyric videos, arte de Leonardo Soares e Raquel Medeiros, e fotos de Alice Ferraz e da própria Maria.
A obra foi dividida em três EPs, cada um com três músicas. São músicas dançantes e com letras que tratam do dia a dia onde o amor, a liberdade e o empoderamento estão presentes.
Batemos um papo com Maria Ferraz sobre os discos e o processo todo.
O Inimigo — Maria, pra começar, por que você resolveu lançar as músicas agora, já que vi que você tem umas letras desde 2017?
Bem, vamos lá: em 2017 foi o despertar da musicalidade e da composição. Porque escrever eu já escrevia, profissionalmente ganhava a vida como redatora. Só nunca havia voltado minha escrita pra música. Em 2017 o fluxo veio forte e comecei a encher um caderno com frases de efeito e ideias. Assim como comecei a cantarolar as primeiras bases pras melodias. Elas não ficaram prontas em 2017. Elas foram despertando em 2017. Em 2018 falei com Amaro Mann que era cliente de um estúdio de tatuagem que eu gerenciava aqui em João Pessoa. Falei que tinha um caderno com esboços de ideias musicais e um celular repleto de melodias. Ao longo de 2019 fomos lapidando esse material bruto. Em Janeiro de 2020 elas ficaram prontas. O intuito era lançar em abril 2020. Veio a pandemia. Lançamos em Maio.
Eu lancei com um grupo de beatmakers e artistas visuais uma música durante a pandemia, Hugo. Se chama “Banana-vírus”. Lancei em abril antes de estrear Mar di Fuego e os volumes. Porque ficou pronta antes e a gente tinha pressa. Foi bem na época da frase “É só uma gripezinha” que o Bozo falou. Na época o Brasil tinha apenas 3 mil mortos.
Então não teve nada a ver com a famigerada pandemia, como ocorreu com vários artistas em seus dias sem fim. Ótimo. E essa ideia de lançar 3 EPs com 3 músicas? O que há por trás da ideia?
Quando reunimos tudo haviam 9 músicas. Eu visualizei elas lançadas assim, de 3 em 3. Desenvolvendo o projeto ao longo de 2020, dialogando musicalmente com o ouvinte ao longo dos meses.
As músicas em cada bloco, na sua visão, ficam mais redondas? Tem uma ligação, digamos assim?
Sim. Foi possível reunir e trabalhar de 3 em 3, identidade visual e sonora. E um jeito de não findar a comunicação, de continuar atiçando a curiosidade da galera.
Eu prefiro o álbum, mas entendo o lado do artista — ainda mais hoje com tanta coisa por causa da internet. Em termos de identidade, tem uma cara forte de liberdade. O terceiro volume segue nessa pegada?
Acho que o formato tradicional de álbum maravilhoso, mas como você disse, muita coisa na Internet, abundância diária. A oportunidade de lançar aos poucos para degustação do público me pareceu interessante.O terceiro volume está sendo preparado. Embora esteja gravada a voz, ainda estamos na fase do esmero, de “lamber” as músicas e acrescentar os toques finais. Vem pra fechar esse ciclo de estreia, nesse ano atípico, tomado de ressignificações. Certamente terá o balanço desse mar que criamos, com beats dançantes, a guitarrinha de Amaro que passeia com doçura e esse clima quente que eu gosto de expor.
Vi que a produção tem a “mão” do estúdio BBS (conversei com Rieg semana passada). Rieg, Amaro e Jesi produzem muita coisa. Como foi essa parceria?
Então, o BBS foi uma escolha intuitiva. Sabia que lá eu me sentiria mais à vontade pra gravar (nunca havia gravado algo meu, precisava de um ambiente acolhedor). Durante as gravações tive a certeza da escolha certa tanto pelo ambiente descontraído quanto pelo profissionalismo e atenção de Daniel Jesi, sempre colaborando com observações pertinentes e muito criativas. É esse o perfil do BBS Studio. Rieg faz parte do studio, mas não participou das gravações. Ele veio a colaborar no projeto nos lyric videos do Volume 1. Por ser um artista multilinguagem procurei ele e expus a vontade de fazer vídeos onde o fogo da capa ganhasse vida. E foi o que ele fez.
O lyric videos do Volume 2 foram feitos por Gabriel Barretto de Aracaju. Ele tem um portifólio extenso na área de video clips. É muito conceituado, já trabalhou com Larissa Luz, e etc. Depois dá uma sacada no perfil dele: @gabbarretto. Já pro terceiro volume ainda não sei a linguagem visual que será trabalhada, ainda estou encontrando essa abordagem. Gostaria de fazer algo diferente dos lyric videos. Mas vamos ver, tem muitas ondas por vir ainda, o mar tá agitado (risos).