Korvak alia peso e virtuosismo em álbum homônimo

Por Hugo Morais

A Korvak é um trio de thrash metal de Campina Grande, que já foi quarteto, e mistura uma sonoridade mas técnica com um estilo cru, usando temas que vão do ocultismo à filosofia, passando pela ficção científica. Uma boa surpresa, principalmente para mim que não sou muito afeito à sonoridade.

Os integrantes se conhecem desde o começo da adolescência, quando faziam parte de uma escola de música. Antes do álbum homônimo, que saiu em CD este ano, já tinham lançado o EP The Ritual (2015) e o single Mind Malefactor (2019), que apontava o caminho a seguir: diversas influências, bem dosadas, que atendem tanto quem gosta da delicadeza como da brutalidade do thrash com influência de psicodelismo e progressivo.

Batemos um papo com a banda sobre a produção do álbum, influências e a cena onde alguns grupos aproveitaram o momento político do país para sair das sombras.

O Inimigo — Quanto tempo demorou a produção do álbum Korvak?

Korvak — Demorou quase 2 anos, pois em alguns momentos, colocamos nossas vidas pessoais e profissionais mais em primeiro plano. Mas por fim, batemos o pé e terminamos.

Vejo no disco uma pegada psicodélica e até progressiva. O que vocês tem como influência além do Metal?

Costumamos dizer que temos influência de toda a vida e morte, então é um leque bem amplo. Mas musicalmente falando, temos a influência muito forte dos anos 70, consequentemente os exemplos que você citou. Podemos citar algumas bandas: Uriah Heep, Rush, Camel. Também damos valor ao que há de novo, como Tame Impala, por exemplo.

Como vocês veem a cena nordestina de metal? Existe uma cena?

Vemos como uma das melhores, uma região com uma grande variedade de estilos e propostas, 70% das nossas bandas brasileiras preferidas são do “país Nordeste”. A “cena” por mais debilitada que possa estar, sempre existe. Quem faz é quem está vivo, não podemos nos isentar disso, sempre que houver um jovem indignado com o mundo e suas injustiças, sempre haverá uma cena em potencial a ser construída. Estamos tentando fortalecer ela.

De uns anos para cá as bandas de rock e o público começaram a cobrar dos músicos posicionamentos políticos. Vocês veem isso como um problema, já que o metal é considerado por muitos um estilo conservador?

Não mesmo… Por si só o metal é libertário, o que se intitula de “conservador” sob a face do estilo simplesmente não é metal. O que queremos dizer é que não é apenas um padrão de som e imagem, a atitude também conta muito, pois esse é o grande diferencial do estilo com relação aos outros. O que ocorre muito é que algumas pessoas confundem a postura de questionar o poder com a de se aproveitar da imagem de uma pessoa rude e rasa, que não está nem aí para nada, que é uma postura bem mais simples do que tentar mudar a si e a sociedade que o circunda. Até os “grandes” estão suscetíveis a isso, podemos ver integrantes de bandas como Slayer, Pantera, Kiss, Sex Pistols, Ramones que se encaixam bem com essa descrição.