Agoniza estreia com o álbum O Significado da Carne

Por Felipe Alecrim

No último dia 17 de julho foi lançado em todas as plataformas digitais o primeiro registro da Agoniza, banda de Death/Thrash Metal que reúne nomes já conhecidos de longa data da cena do metal nacional. O grupo foi criado já durante a pandemia e os integrantes Zé Misanthrope (Vocais), Nicolas Gomes (Guitarra), Cláudio Slayer (Baixo) e Victor Barbosa (Bateria) moram em estados diferentes. O disco foi gravado remotamente e todo o material foi mixado e masterizado pelo guitarrista Nicolas Gomes.

O Significado da Carne é um EP com cinco faixas e baseado no livro O Aparicionista do escritor alemão Friedrich Schiller, considerado o primeiro romance gótico alemão. A obra traz intrigas políticas envolvendo sociedades secretas e inquisidores, além de divagações profundamente niilistas.

Conversamos com os integrantes, Cláudio Slayer e Zé Misanthrope sobre o primeiro trabalho da banda, a composição instrumental e o conteúdo e forma de adaptação história do livro para as músicas.

O Inimigo — Como surgiu a ideia de montar o Agoniza? Partiu de quem inicialmente?

Cláudio Slayer: A ideia surgiu do guitarrista Nicolas Gomes. Nicolas morou em Natal até 2008, depois mudou-se para Brasília e há pouco mais de um ano está residindo em São Paulo. Ele resolveu criar um projeto de quarentena que fosse concebido remotamente. Para isso convidou primeiramente o baterista Victor Barbosa, que também morou em Natal e hoje está no Rio de janeiro. Logo em seguida, o vocalista Zé Misanthrope, antigo parceiro de banda quando Nicolas morou em Brasília, passou a integrar o projeto e, completando o time, eu recebi o convite para gravar o baixo.

Como foi para compor as músicas, visto que cada integrante mora em uma cidade diferente?

Cláudio Slayer: O Nicolas compôs todo o material, inclusive adicionando uma bateria programada para o Victor ter um norte na hora de gravar a bateria definitiva. Depois recebíamos uma música por vez com o bpm (batidas por minuto) e cada um criava e acrescentava arranjos enquanto gravava nos seus próprios estúdios ou home studio.

Capa do álbum O Significado da Carne, da Agoniza

Com relação à composição, Nicolas mandou as músicas com a bateria eletrônica como guia, do que ele mandou para o que está no disco, mudou muita coisa? Em relação à liberdade criativa de vocês.

Cláudio Slayer: O que mudou mais foi a bateria. O Nícolas programava a bateria bem simples, um andamento para o Victor entender como é que era e criar em cima disso, então ele foi colocando outras coisas bem diferentes do que tinha na bateria eletrônica, criou muitos arranjos. Na parte do baixo também criei muita coisa a partir das minhas ideias e com relação ao vocalista, o Nicolas só dizia onde queria o refrão, total liberdade. Foi um processo bastante livre.

A composição das letras em português teve algum motivo específico?

Zé Misanthrope: A composição das letras ser em português foi um processo natural. Por sempre ter curtido o metal brasileiro e a inspiração em bandas mais antigas, esse caminho pareceu mais óbvio pra mim. A sonoridade do português dá um senso de urgência e dureza bem legal para os vocais. E como as letras do trabalho são bem importantes, é legal que a mensagem e o conceito possam ser entendidos mais facilmente.

As letras são baseadas no livro O Aparicionista, considerado o primeiro romance gótico alemão, que junta intrigas políticas com filosofia e reflexões. Como foi a escolha dos trechos e adaptação para a música?

Zé Misanthrope: O processo de adaptação das letras foi bem tranquilo. Por ser um livro relativamente curto e dividido em duas partes, não foi muito difícil separar a estrutura textual dos capítulos de modo que fique um em cada música. Como você mesmo mencionou, os temas do livro em si já compartilham muitos temas que são comuns no metal, então a transição de texto pra música corre fácil. A história é repleta de figuras místicas e obscuras, um prato cheio pra se inspirar e musicar.

Quais as principais influências encontradas na sonoridade da banda?

Cláudio Slayer: As influências são variadas dentro do Metal, passeando entre o Thrash, Death e até alguns elementos sombrios do Black Metal, sem abrir mão de partes mais melódicas para criar a sonoridade da Agoniza.