Como esperado, foram dois meses sem soltar aqui a listinha de cinco discos da seção. Mas voltou com bandas/artistas bem distintos entre eles. Sem delongas seguem as considerações.

Thiago França – Canhoto de Pé
Com cara de jam session, Thiago França destila seu sax ladeado por Marcelo Cabral (baixo) e Welington Moreira (bateria). É só cara de jam mesmo, já que tudo se conecta ainda mais quando Juçara Marçal está como participação especial e ainda tem Luizinho e Kainã do Jêje do grupo Aguidavi do Jêje na percussão. Se você já está ambientado com Metá Metá, os trabalhos de Kiko Dinucci e Juçara Marçal – integrantes do Metá Metá com Thiago França e parceiros em outros projetos – vai descer como água. O cerne do trabalho é o samba e partindo dele para experimentações.

Caxtrinho – Queda Livre
Ouso dizer que Queda Livre é uma versão atualizada de Eu Sou o Rio (1988) da Black Future. Pelo menos me lembrou muito a fragmentação e ao mesmo tempo coesão do disco da clássica banda carioca dos anos oitenta. Lançado em várias plataformas, Queda Livre não corre o risco de Eu Sou o Rio, que foi lançado em vinil e nunca mais viu um relançamento. O disco de estreia de Caxtrinho é experimental, flerta com vários estilos e bate um retrato dos dias de hoje, principalmente da juventude que está mais perdida que bala em boca de banguelo. Recomendada a audição com calma, difícil nos dias atuais, e se possível usando substâncias que alterem seu estado.

Zumbi do Mato – Bosasova Bova
Quando se pensava que a Zumbi do Mato tinha passado dessa para a melhor, eis que a banda lança Bosasova Bova. Disco troncho tal qual os anteriores, com títulos e letras maravilhosas como “A Bilola de Brennand”, “Informação é Sofrimento” ou “Não Lavei o Meu Peru”. Por sua conta e risco.

Inocentes – Antes do Fim
Durante o isolamento obrigatório da pandemia e parada de shows, Clemente tocava as músicas de forma acústica em casa e foi incentivado por Anselmo Monstro (baixo) para fazê-las no formato banda. Eis que virou disco. O formato acústico teve sua época áurea com a MTV e até alavancou carreiras já estavam esfriando. No caso da Inocentes, na ativa desde 1981, o formato serve para dar foco nas letras de Clemente — que são ótimas — e também na roupagem nova de algumas músicas. Além de Clemente e Anselmo, Nonô (bateria) e Ronaldo Passos (guitarra) completam a banda que em 2025 bate parabéns de 30 anos de formação.

VARANDA – Beirada
Banda jovem formada por jovens tal qual Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo e Bala Desejo. Porém com uma pegada mais reta, sem muitas firulas, sem tentar inventar a roda. Uma banda pop ótima, mais redonda que outras que têm aparecido, com temas sobre relacionamento e existencialismo. Um álbum baseado numa pegada dançante e pesada, suingada e feliz, porém com momentos mais calmos e introspectivos.






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