Chegou Abril e mais uma leva de cinco discos que ouvi e curti. Um não é novidade, mas ao mesmo tempo é, já que foi relançado com 3 músicas bônus. Trata-se da potiguar Os Bonnies. Entre o experimental, rock, hardcore com sonoridade nordestina e até pegada cinematográfica, tem de tudo.

Gloios – Natureza Errada
(Spotify / Bandcamp / Youtube)
Rafael Xavier vem lançando discos desde 2019 com cara de trilhas de filmes, uma pegada experimental. Alguns deles com dedicatórias dando caminho de sua intenção. Esse Natureza Errada se dedica a pessoas que fazem parte de sua história. Fizeram e fazem. Isso leva as músicas longas, duas com mais de 17 minutos, a viagens sonoras que chegam até o Nordeste com a sonoridade do baião e afins. Bom pra curtir viajando. Cada um a seu modo.

Sombrio da Silva – Lorotas & Tragédias
(Spotify / Bandcamp / Youtube)
É engraçado ler no release do novo disco de Sombrio da Silva que ele não ia lançar o material, mas várias pessoas o encorajaram. Ficaríamos sem ouvir um belo disco. Lorotas & Tragédias, apesar de totalmente diferente, parece ser uma sequência consciente de Xablaus (2020) e Música Para Ouvir Chorando Enquanto Escorrega de Costas Na Porta (2021). De colagens e experimentações Sombrio lançou um disco, digamos, convencional. Pra mim “Seu Rosto” é isso, a obra-prima do disco com cara de abertura de série. O cantar de Sombrio com uma captação que pega até sua respiração dá um toque trágico tal qual sugere o título do disco. Curiosidade: a música “Só Restou Depois” encerra o disco atual e o anterior com versões diferentes.

Varadouro Attack – Relhos Ancestrais
(Bandcamp)
Pela capa já dá pra sentir a que vem a banda de Olinda. Relhos são chicotes. Partindo do princípio do racismo estrutural, a banda destila uma sonoridade que batizou de afronoise. Pegadas de ciranda, baião com rock e letras sobre o racismo. O EP demo tem sonoridade ao vivo que mostra a Varadouro Attack como se estivesse em um show. O quarteto Gilberto Bastos, Diógenes Santiago, João S e André Lederman surgiu antes do período pandêmico e, como todo mundo, saiu da hibernação.

Os Bonnies – Os Bonnies
Novidade antiga, mas que chega aqui porque o disco lançado originalmente em 2005 foi relançado digitalmente este mês, com três músicas extras. Tão boas quanto as outras sete já existentes. Rock 50/60 com cara de anos 2000 que me levou direto para a Rua Chile, que mais uma vez a classe cultural tenta reerguer. Mister Mu (do combo cultural Mudernage) relançou o disco em qualidade 4k que trouxe novas nuances à obra. Num fone de ouvido razoável o timbre e acordes ganham mais potência ainda. Sonora e afetiva.

Chancho – Na Cara!
(Bandcamp)
Mais um disco de Charliê, guerreiro do underground natalense. Guitarra, gritos e rango vegano. Atualmente ele toca sozinho usando samplers da bateria da gravação desse disco, que foi registrada pelas mãos de César Silva. Dada a rotatividade das baquetas, Charliê apostou em tocar sozinho. Na Cara! traz 40 (!) músicas com as temáticas de sempre, que envolvem a sociedade como o ativista de rede social, o playboy underground, a briga política brasileira entre esquerda e direita e, claro, o racismo. Naquele modelo rápido e gritado. Mas ainda há de surpreender já que algumas músicas ficaram com uma sonoridade mais punk e menos grind.






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