Foto: Alberto Rocha/Divulgação
Quando a gente pensa que vai parar de falar do pior momento da vida de milhões de pessoas, volta a certeza que o assunto ainda estará em pauta durante muito tempo. Isso porque discos como 7 Estrelas | quem arrancou o céu?, de Luiza Lian, foram criados durante a pandemia que aconteceu durante o período de trevas de um governo empenhado em matar pessoas.
Em meio as várias audições do álbum de Luiza, que saiu cinco anos após o também ótimo Azul Moderno, fica uma sensação de oscilação. Não na qualidade, mas na sonoridade da obra. Bem evidente em sua voz, seja natural ou com uso de efeitos. E aí é inevitável remeter ao estado em que estivemos nos últimos anos e muitos ainda estão: instáveis. E isso pode ser visto também com os relacionamentos, inclusive os virtuais. Luiza explora isso no disco de forma até sensual ou sexual, como em “Homenagem”. Coincidentemente, esses dias, vi um casal discutindo em uma mesa de bar porque o cidadão não largava o telefone, respondia a namorada olhando para a tela do aparelho.

A produção do disco foi lenta entre Luiza Lian e Charles Tixier. Uma parceria de mais de 10 anos que vem dando muito certo. A vinheta “Brasil sil sil” inserida de forma quebrada é apenas um exemplo. Seu uso é associado principalmente a vitórias esportivas, mas dado o histórico de associação da extrema direita brasileira com a camisa da seleção de futebol, a vinheta quebrada cai como luva para representar um país dividido. “Forca” ainda reforça isso falando sobre poder e esses dias atuais que se passam e mostram que o poder usado durante esses 4 anos passados serão a forca dos dias vindouros.
O trabalho é difícil de rotular e isso é ótimo, ele aponta para vários elementos, mas o que permeia o disco é seu caráter eletrônico nas batidas, nuances, camadas e na voz de Luiza. O disco se desdobrará ainda em clipe, coisa que a artista gosta de fazer, e também um curta metragem tendo como base nas músicas “Forca” e “Cobras”.
Abaixo assista o visualizer da faixa que abre o disco, “A Minha Música É”.






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